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Transcript of MEU PIOR DIA TRABALHANDO NA ROTA

Danilo Snider
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Transcription of MEU PIOR DIA TRABALHANDO NA ROTA from Danilo Snider Podcast
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Eu sou ágil igual o senhor, eu nem duvido e nem acredito, eu fico naquela ali. Eu até hoje não vi, mas se eu ver também, para mim vai ser normal. Eu tenho curiosidade.

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Normal não é não, você trombalar o bichão dois metros de alto para os braços, andando, você dá e tiro e ninguém vai acreditar em você, é foda.

00:00:22

Assusta mesmo, não é brincadeira não.

00:00:24

Vamos lá, irmão, ocorrência de rota. Daquela época, teve alguma que você fala que você fala não, teve uma que a gente foi lá que foi foda, sem ser essa que você foi baleada. Uma boa mesmo.

00:00:35

Foram várias ocorrências, porque uma das últimas que me recordo, acho que no ano de 83...

00:00:40

No Carandiru, você estava?

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Eu estava no primeiro Carandiru. O que foi em 82, se não me engano, que teve uma rebelião no Carandiru em 83, em 82, 83. E isso eu estava. Eu também estive em Frango da Rocha, quando teve uma rebelião em Frango da Rocha. E ali quase tomei tiro na cabeça de policia lá da área, camarada, nós entramos dentro da rebelião, no presídio da Rocha, o policia vem com uma arma na mão assim, apontada assim, é uma frango, não é, meu? E aí ele disparou a arma, sem querer, quase O cara me pegou na minha cabeça por trás. Aí eu lembro que tinha oficial lá, deu tapão no meio da oreia dele, cara, eu não lembro quem que era oficial lá. Olha essa merda, o cara quase me acertou. Então eu tive, participei dessas rebeliões, essa última de 92, do Canandiru, eu já tinha saído da Polícia, eu era advogado. E tive ocorrências com assaltante de bancos. Uma das últimas que eu recordo, na noturna, nós matamos... Matamos, não, nós agimos legítima defesa contra dois assaltantes de banco. Isso lá na goma deles. Goma é a casa, a residência deles. Eles tinham feito dois bancos. Aí troca de tiro lá, os caras para o saco, colocamos na aviatora, outra aviatora socorreu e nós ficamos preservando o local, levantamos o colchão assim, cara, que tinha dinheiro da idade, dinheiro da idade.

00:02:06

Aí pegamos lençolzão grandão assim, amarramos tudo em lençol assim, fomos para a Delegacia. Para a Delegacia de Polícia, jogamos em cima da mesa do Delegado, falar vamos contar com essa porra aí. Aí chamaram o pessoal do banco para contar. Então, geralmente, as ocorrências são sempre aquilo, quando você vai, porque lá nessa época, ainda hoje, é que eu estava te falando, eu acho mais difícil você ser policial hoje do que na minha época, porque na minha época havia uma paridade de confronto entre o policial e o criminoso. Nós trabalhávamos com revolve 38 Pica-Pau. O marginal, ele tinha o quê? Uma garrucha a dois tiros, uma garruchinha a dois tiros, ou 32 ou 38. Então, ficava uma paridade de confronto, uma paridade de confronto. Agora, o perigo era o mesmo, porque eu fui em velório de amigos meus que morreram na mão de bandido. E hoje, o policial, ele está coado, meu. Como é que eu tiro chapé para o policial hoje, principalmente para a Rocam. Para o Rocam, você numa moto, perseguir bandido, cara, você tem que pilotar a moto, você tem que dar tiro, você tem que parar a moto, você tem que descer. Porra, isso aí é super policial, a Rocam, os caras são super policiais, cara, não é possível.

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Tanto que quando fundou a Rocam, eu estava na rota. A Rocam, ela foi fundada para ficar no primeiro batalhão de choque, junto com a Rota, Rota Rocam. Mas aí, acabou não dando certo, a Rocam saiu de lá, acho que foi para o terceiro batalhão de choque, se não me engano, mas a Rocam foi fundada lá na Rota. Eu lembro que eu estava na Rota e ainda falei lá para o comandante: Poxa, acho que eu quero ir para a Rocam para lotar a moto, tal, mas meu negócio era na Rota. Então, eu tiro o chapéu para esses policiais, porque o policial de Rocam é o super policial, cara.

00:03:53

Eu sempre falei isso, aqui, Rocam é o super policial.

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Eu trabalhei muito tempo no Rocam. Não é fácil, Não é fácil. Você pilotar uma moto, você falar no rádio, você segurar uma arma na mão, pilotar a moto, descer da moto, prender o cara, trocar-tiro. Poxa, pelo amor de Deus. Agora, você está numa viatura com quatro, dentro de uma viatura, a rota está à rota, está à quatro, a Força Tática, também, o BAEP, tal, tem quatro policiais ali. Então, quer dizer, dá para você ter pouco mais de segurança. Mas a Rocam não, cara. A Rokam não. Poxa, tirar chapéu para todos. Mas o Rokam está aqui dentro do meu coração, porque não Não é fácil, não. Eu sei o que é isso, porque eu falo para muitos promotores do tribunal de juros que começa a meter o pau na polícia, eu já cantei de falar, doutor, só quer sentar numa viatura de rota e fazer patulhamento comigo? Eu falo com o comandante de rota, o senhor assina termo de responsabilidade e vai comigo numa viatura à noite. Só quer ir? Em vez de ficar falando coisa que o senhor não conhece aí, quem conhece, sou eu. Foi por isso que eu tive problema com o Marcelo Rezende, num debate que eu tive com ele, a Luciana de Mendes, que o departamento de jornalismo me queimou.

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Ele começou a falar que O que eu entendi de segurança pública? Eu sou bocudo, eu falei: Você não entende de porra nenhuma, cara. Quem entende, sou eu. Puta, aí o pau quebrou, né? Então, eu falei para promotor: Isso, vamos, vamos sentar em uma viatura, vamos sair, vamos fazer patulhamento na zona leste, zona sul, zona norte, zona oeste, vamos fazer patulhamento, cara. Vamos ver como que é. Às vezes, o que acontece para cuisar... Eu ia ter júri terça-feira, que eu falei para vocês, lá em San José dos Campos, eu não fui. Graças a Deus, minha voz hoje está boa. Eu, por causa desse tempo seco, tudo mais, eu tive uma midalite, cara. Fiquei Eu tive inflamado a garganta, eu tive febre. Ontem eu já fiquei bom, fiquei melhor. Toma injeção, tomei remédio, tomei tudo. E eu não fui fazer esse júri lá em São José dos Campos. Então o que está acontecendo? Principalmente, a corrigidoria da Polícia Militar, no Enquerto Policial Militar, eles pegam a filmagem e fazem frames, fotografias, e juntam no processo. O leigo que olha isso, parece que a ocorrência levou duas horas. Não, aqueles frames foram em questão de segundos que aconteceram.

00:06:04

Segundos, milésimos de segundo, às vezes.

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Milésimos de segundo, mas aí não, eles juntam os frames, as fotos, aí o promotor pega no júlio: Olha aqui, o indivíduo estava Eu vou fazer júlio agora, esse de São José, foi aquele caso famoso, não vou citar o nome dos policiais aqui não, de ladrões que roubaram carro, entraram no mercado, colocaram o arma na cabeça de criança, entendeu? Aí depois saíram do mercado, barbarizaram, pegaram o carro e pinote, e a viatura foi atrás. Aí eles bateram o carro, e o policial que estava do lado esquerdo da viatura, bandido, desceu e correu. O outro policial correu atrás, e bandido que estava dentro do carro, desceu com a arma na mão. Isso aí está filmado tudo direitinho. E o policial que desceu da viatura, meteu tiro no peito dele. Só que o bandido vagabundo estava de colete, cara. Tomou tiro no colete, O cara caiu, só ficou a marca no peito dele, mas não morreu. Aí, do lado direito, está o sargento com o fuzil. O cara que estava sentado no banco do passageiro, antes de haver o primeiro disparo, o sargento gritava: Desce, desce, todo mundo, tal. Quando houve o primeiro disparo, esse cara que estava abriu a porta.

00:07:19

Abriu a porta, o sargento viu de fazer movimento com a mão e meteu bala nele. Tanto que nos frames, você percebe o cara com a mão assim para para cima, mas depois ele abaixa a mão como se fosse pegar alguma coisa. E o sargente até meteu bala, porque foi tudo questão de segundos. Só que para o ministério público, e para fazer a acusação agora, tem advogado que acende a acusação lá, eles acham que isso demorou. Não, isso não demorou. Isso foi questão de segundos. Outra. E tem oficial que tocou o IPM que fala que esse policial que deu o tiro no peito do cara que estava com colete, agiu em legítima defesa. Mas vai à júri, o promotor não aceitou. E que o sarjeto não agiu em legítima defesa. Eu queria dizer para o senhor, o senhor oficial da Polícia Militar, que legítima defesa, não há necessidade do indivíduo baleado estar armado e nem portar uma arma de fogo. O senhor conhece a legítima defesa putativa e imaginária, dependendo do contexto que acontece a situação. Entendeu? O policial pode fazer. Claro que pode. E esse júlio era para ter sido na terça-feira. Eu me acometi dessa midalite, eu tenho...

00:08:31

Foi esse tempo... Louco, aí tempo louco. Que está maluco, eu passei muito mal, eu não pude ir. Eu requeria o juiz que designasse o julgamento e o juiz na inteligência dele, designou o julgamento agora para o mês que vem. Então, o que está acontecendo? A câmera no peito dos policiais, e às vezes celulares filmando, geralmente a polícia militar, e alguns delegados de polícia, fazem frames. Eles não colocam o vídeo no processo. Você tem que requisitar, você tem que requerer o vídeo, cara. Eu quero ver o vídeo, meu irmão. Lógico. Não, eles colocam frames, frames, frames. É como se fosse uma ocorrência que levou cinco segundos pelo frame É 10 minutos. E não é assim. Não é assim. Eu falei para o promotor, uma vez, para a promotora também, falei no Júlio, falei: Olha, sinceramente, eu queria poder ter uma arma aqui agora e efetuar disparo de arma de fogo aqui dentro, mesmo com projeto de festim. Não vai passar uma agulha, doutor. O forrecer vai morrer de medo sentado aí. Agora imagina o policial ali com tiro, bandido, tudo armado, cara, cometer assalto, colocar o revolve na cabeça de criança e tudo mais, isso em São José dos Campos.

00:09:44

Então eu acho que a população em São José dos Campos tem que dar basta, basta à criminalidade. Ou nós estamos do lado da Polícia, ou nós estamos do lado de bandido. Quem quiser bandido, leva para casa, pô. Agora a Polícia está aí para dar proteção para a sociedade. Agora, O cara, policial, bandido, eu nunca defendi. E não vou defender. Por mais que que queira me pagar, não defendo policial bandido. Bandido, eu não defendo. É o Papamala. Agora, trocou tiro com o Bandido, com o Marginal, pode contar com o Vendramini a hora que quiser. E pouco me importa como morreu o bandido. Você entendeu? Boa. Porque eu fui policial, eu sei o que policial sente na hora dos tiros, cara. Você perde, você perde a noção de tudo, cara, dá medo, bicho. Dá medo. É isso que eu sempre disse. Esse medo que dá no policial, não faz o policial recuar. Esse medo incentiva o policial a ir à frente, entendeu?

00:10:37

É a diferença do policial para o civil.

00:10:39

Para o paisano. Mas é o medo que dá, não é brincadeira. Ninguém sabe que é estampido de arma de fogo. Você pega promotorzinho que está lá novinho, de 30 anos, tem poucos anos de idade, ele não sabe que é pipouco, cara, ele não sabe que é tiroteio, não sabe que é disparo de arma de fogo. Dá medo, cara. O cara que quer falar que não tem medo, está mentindo. Mentindo, eu já falei isso daqui várias vezes. Não é brincadeira, não.

00:10:58

Eu já disse várias vezes, às vezes tem cara que fica... Aqueles matador de podcast, que tem os matador de podcast aí, mano? Aí o cara fala: Não, que eu troquei tiro, bababuá, babuá, babuá, babuá, babuá, cara, você troca tiro, depois que passa, dá pandeiro, você arrebenta no pandeiro.

00:11:14

Você fica voado, você fica voado, porque a adrenalina vai a mil. A mil, cara. Olha que é coisa pior para policial, cara. Além do tiro, lógico, é quando eu estava na viatura de rota, noturna, o copom jogava: Ladrão no interior de residência ou ladrão no terreno baldio, mato.

AI Transcription provided by HappyScribe
Episode description

Em cada episódio, mergulhamos em conversas profundas e autênticas, mas lembre-se: as opiniões expressas pelos nossos ...