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Transcript of A GENTE LAVAVA AS VIATURAS DA ROTA CHEIA DE MIOLOS E SANGU3

Danilo Snider
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Transcription of A GENTE LAVAVA AS VIATURAS DA ROTA CHEIA DE MIOLOS E SANGU3 from Danilo Snider Podcast
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Na arte, entendeu? Na época eu ia processá-los, porque eles, inclusive, ditaram isso, fizeram semiaautorização. Mas depois eu pensei: Ah, deixa aí, repercutiu bem, deixa aí, é o que eu faço mesmo, então está tudo certo.

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Às vezes, o cara faz para te lascar e repercute bem. Vamos falar da rota, vamos falar lá do comecinho, como é que foi? Você entrou na rota em que ano?

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Eu fiz escola de Polícia na Rota de Soldado em 1979. Bichim, mano. Eu tinha 24 anos de idade. E aí O capitão era o capitão Nacarrarada na época, o falecido Nacar, carinho, apreço muito grande por ele, era o nosso comandante da escola. Aí, terminando a escola, eu lembro muito bem que eu falei para o Nacar assim: Capitão, eu não quero ficar na rota. Eu era desenhista, normografista, eu fazia letras com normógrafo e eu quero ficar no P3, eu não quero ir para a rua, eu não quero trabalhar na rota. Porque a gente estava lá no batalhão, a gente via as viaturas que chegavam de madrugada, no dia, com sangue no chiqueirinho, miolo, tinha tudo... Caralho, mano, que foda. Porque só corriam os variados.

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E tinha uma leida, não tinha? Que quando chegava assim, a viatura ficava lá em cima porque tinha lavado a viatura, quando os caras chegavam de manhã...

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Não, os caras, o pior é que os praças velhos punhavam, você curta para lavar a viatura, né? Aí eu falei pouco na carrarada, falei: Comandante, eu não quero ficar na rua, eu quero ficar interno, me deixa aqui no batalhão? Aí ele falou: Não, mas eu até te deixo no P3, mas você vai ter que vai fazer estágio, vai ter que fazer estádio. Falei: Está bom, vou fazer estágio. Aí eu fui estagiar na Vespertina. Isso já em janeiro de 80. Eu fui estagiar na Vespertina e eu estava lá com sargento maluco, rapaz, que se chama nome dele, O motorista era o Tatu. O Tatu estiver assistindo aí, abraço para você, Tatu. O Tatu era o motorista tal, e eu sentado lá, cabelinho, com o quarto dedo aqui, recrutinha, sentado no meio. Aí nós fomos para Ouziçu, aqui na zona sul, abastecer a viatura quando saímos do batalhão, que era a vez pertina. Estamos abastecendo a viatura lá, de repente o cupom jogou na rede rádio. Milhantes na favela Santa Catarina, assaltando, dando tiro tal, e o sargento, esqueci o nome dele: Tudo bem, senta aí, O que é recrutal? O recrutal é recrutal, eu sei que lá no meio, não passava uma agulha, não é?

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Que pariu, e a Veraneio não... E era aquela veraneio que era antigona. Antigona. A marcha era na... Aquela ali, não era aquela ali? Na mão direita. A pequenininha aí, não é? É, é essa daí. O câmbio era o quê? Era três marchas e uma ré. Aquela merda encavalava direto aquela bosta lá. Mas era bom, ela chegava a virar, a tombar assim. Aí, vamos para a favela Santa Catarina. Chegamos lá os quatro policias de desembarca para entrar no meio da favela para ver o tiroteio e largam eu lá tomando conta da viatura. Puta merda, a gente usava revolve 38 Pica-Pau, eu peguei o revólve assim, fiquei do lado da viatura, não sei o que fazer, não é? Um medo, rapaz. E eu só escutava os pipocos, eu falei: puta, que par, o que eu estou O que eu estou fazendo aqui, meu Deus do céu? Eu com o revolvinho na mão aqui. Aí, de repente começou a chegar a viatura de rota. Aí foi chegando a viatura de rota, foi chegando, foi chegando. Falei: puta, graças a Deus, o pessoal está chegando. Aí eu vejo assim, veio os quatro policis da viatura que eu estava, cada dois trazendo cara baleado, né?

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Aí jogaram no chequeirinho da viatura: Vamos socorrer, recruta, fica aí que nós vamos socorrer. Aí eu fiquei lá com o oficial, os caras foram socorrer. Então, eu enfrentei isso logo de cara. Eu não queria ficar na rua. Aí eu vi, eu falei puta merda, eu tomei aquele impacto, né? Aí depois eu peguei vários tráficos de entropecente, esse tipo de coisa, mas o tiroteio tinha sido só esse. Aí quando eu fiz o estágio, foi mês de estágio, ou dois meses, se não me engano, aí o Nacar veio conversar comigo, Nacar Harada, eu falei: Não, chefe, eu quero ficar na rota. Gostei, peguei em gosto. Eu quero ficar na rota, eu quero ficar... Peguei em gosto. O senhor me deixa na matutina, que a matutina era chamada fia da velha, na na nossa época, filho da velha, ninguém botava fé na matutina. Mas aí, o senhor me deixa na matutina? Eu estava ficando na matutina.

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Explica para a galera, matutina era qual horário?

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Era naquela época, acho que ia até às 15 horas, das 08h00 às 15h00, negócio assim...

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O cara não botava fé porque começava de manhã, não é? É, não vai estar nada...

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Aí eu fui trabalhar na matutina, eu já era titular, sentava na janela, já era, beleza, já era... Já era abraçal, você já era abraçal, mano. Aí eu estava numa viatura na matutina com o sargento Ariusbe, lembrei o nome dele agora, o motorista era o Dantas, o finado Dantas, e atrás, quem estava comigo agora, eu não me recordo, cara.

AI Transcription provided by HappyScribe
Episode description

Em cada episódio, mergulhamos em conversas profundas e autênticas, mas lembre-se: as opiniões expressas pelos nossos ...