Transcript of TAVA NA FAVELA TROCANDO T1RO COM L4DRÃO E O PM FAZENDO PARTO

Eu fui forjado assim, trabalhando na rota, porque eu queria que os caras se inspirassem a trabalhar. O cara tem que ficar fudido, falar: Esse filho da puta, eu vou mostrar o que eu sou. Eu vou mostrar que eu sou o cara, porque o cara me humilha todo trampo. Mas era uma lealdade fudida. Eu trabalhava na viatura, a minha vida dependia da deles e a deles dependia da minha, da minha atitude. E eu fazia isso daí para ferver o sangue do cara, porque o cara falou: Eu vou mostrar para esse cara que eu não só sou motorista, eu vou mostrar para o cara que eu não sou peso morto.

Eu vou além.

Eu vou além. Tanto que eu brigava, que tinha muro, eu era o primeiro a entrar, porque o comandante de verdade é o primeiro a entrar e a última a sair. Exatamente. Agora eu vejo, você que é sargento, que dá uma ocorrência, você vê os policias entrar e você ficar do lado de fora, você tem que sair da polícia, você é vagabundo.

Uma coisa que o Andrei falava lá, e eu lembro disso daí, ele ficava fudido quando tinha uma resistência de moto, o sargento não tinha tirado.

O cara tem que ser expulso. Mas é verdade.

Não, espera pouquinho. Se o motorista vai assinar, o terceiro vai assinar e você... Você estava onde?

Eu lembro, cara. Teve vários casos. Você fala que o sargento tem que matar, não. Porra, mas é o cara que comanda, é o líder. Se o cara não fez, como é que a equipe fez? Então a equipe protegendo é uma vítima. Ele falava isso daí, mano.

Você é uma vítima. Falava na cara do cara.

Falava, caralho. Não, eu vou te falar, Danilo. Fazer o cara sair do táctico.

Você é vítima, caralho.

Eu fiz o cara mais antigo que eu sair do táctico. De tanto que eu infernizei o cara. Eu falei: Você vai lá na administração que você não serve.

É lá, de ver.

Eu falei assim: você tem que sair do táctico, você não serve para o táctico. Você tem que ter vergonha e sair. E não só esse caso. Um outro sargento, que é sargento maravilhoso, cara maravilhoso. Mas ele me enxeu tanto saco que ele queria uma medalha porque ele fez parto, que eu mandei ele tomar no cu. Eu falei: Você vai trabalhar no hospital. Como era o 90, era o mais antigo...

Júlio, faz esse corte aí, mano, faz esse corte aí. O André era foda.

O André, eu vou falar para você, cara. Eu tive prazer de trabalhar com o André. E ele é isso aí mesmo, cara.

Fala mais, fala mais. O cara que é... Qual era?

O cara me enxeu o saco porque ele fez parto e daí eu era o mais antigo, e eu caguei e andei para o parto dele. Na verdade, eu estava puto porque eu estava na favela e o cara fazendo o parto. O cara estava tirando placenta da farda.

É verdade? Eu não entendo quando os caras no chat manda pergunta para os políticos que vem aqui: Eu já fiz algum parto?

Já perguntaram aqui. Já perguntaram aqui. Deu algum podcast e... Eu nem perguntei porque eu conheço. Eu conheço o André. Sabe que eu vou perguntar para ele, ele vai falar... O gasto...

Tem que fazer podcast de hospital, isso aí.

Caralho, responde aí que você me conhece, cara. O Vinícius Silva, ele fez uma pergunta aqui...

Espera aí, deixa eu terminar, cara. É verdade, cara. Do O negócio do parto. O negócio do parto. E daí eu era o mais antigo, então toda ocorrência que tinha que pedir falar com o capitão, medália, despachar a parte. Era tudo contigo. O documento passava para mim, eu era o 90, não tinha atendente na época, no Pelotão, eu mandava.

E eu já fiquei puto nesse dia, porque eu na favela, tinha pouca viatura, cara, de táctico.

E você não vai pedir, vai pedir apoio para quem? Se você está lá, você é táctico, você vai pedir apoio para quem? Então não tem para quem pedir apoio. Eu falei: O cara está fazendo parto? Eu falei para os caras: Esse cara falou isso mesmo, que estava levando uma parturiente com criança. Eu falei: Você está louco, esse cara, meu? Mas eu falei assim: Não vou brigar. Eu falei: Vai se foder, eu vou cagar e andar nesse parto.Mas depois que ele veio cobrar... Ele passou serviço. Eu falei: Andrei, eu estou com a parte aqui do parto tal, eu olhei. Eu acho que ele me pegou meio avoado. Eu falei: Não, beleza. Deixei na pasta, nem caguei para... Porque o capitão Saavedra era da mesma pegada. Eu falei: Nem vou passar. Mas no outro serviço, ele: Andrei, você vê? Porque é para medalha, é parto tal. Eu olhei para ele, nesse dia eu estava bem inconsciente. Eu olhei para ele e fui na quadra de futebol do oitavo ali, lá no final do Sat. Eu falei: Meu amigo, vai tomar no seu cu. Você está maluco? Você é parteiro? Você está vendo que essa porra aqui anda com fuzil, com calibre 12, com arma?

Vocês foram ficar atirando...

Era assim mesmo, cara.

Eu fui obrigado a falar isso daí porque o cara não sabe nem o que ele estava fazendo na Força Tática. Na época Força Tática, que era Força Tática.

E o cara se achando que tinha feito parte...

Acabei com a vida dele e ele pediu até para sair do táctico. E eu vou dizer, no sentido da polícia, eu estava certíssimo. Como ser humano, como amigo, eu me arrependo, porque depois eu cruzei com ele, cara excepcional, cara maravilhoso. Inclusive, a criança deve chamar, deve ter o nome dele. Deve ter o nome dele, com certeza. E aí deve ser uma satisfação pessoal enorme também. Mas não é coisa de polícia, caralho.